Português constrói réplica de casa japonesa de madeira e oferece aulas de meditação e karatê no ES
03/11/2024
O dojo de madeira foi construído pelo sensei português José Mário, com o apoio da esposa Rosimeire Monteiro. Os dois são faixas pretas em karatê e passaram por intercâmbio em Okinawa, cidade berço das artes marciais no Japão. Dojo baseado em casa antiga japonesa ensina karatê e atrai curiosos em Vitória
Já imaginou treinar karatê em um lugar como o famoso filme "Karatê Kid", sucesso nos anos 80, ou então se sentir dentro da série derivada do filme "Cobra Kai" e aprender o famoso chute da garça? Em Vitória, isso é possível em um 'dojo', local onde se treinam artes marciais japonesas, construído no bairro Pontal de Camburi.
A casa toda de madeira chama a atenção não só de fãs do universo das artes marciais, mas também de quem passa pela rua. O local é uma réplica de uma residência antiga japonesa e, além das aulas de karatê tradicional, também é aberto para a comunidade para a prática de meditação.
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O dojo foi inaugurado pelo professor de Karatê José Mário, ou sensei Zé Mario como é conhecido, e sua esposa Rosimeire Monteiro em fevereiro de 2024, o espaço já oferece aulas para crianças e adultos diariamente, com um total de 16 alunos.
Dojo ensina artes marciais e meditação em Vitória, Espírito Santo
Acervo pessoal
Mas como um pedaço do Japão foi parar no meio da capital? O g1 conversou com o sensei que explicou que foi o amor do casal pelas artes marciais e uma experiência com mestres japoneses diretamente em Okinawa, berço do karatê no Japão, que fez com que o "Kominka Dojo" surgisse.
Aprendizado na "Terra do Sol Nascente"
José Mário tem 56 anos e é da cidade do Porto, em Portugal. Desde criança, ele começou a treinar karatê e se apaixonou pela prática.
"Eu comecei a treinar com um mestre que estava ligado diretamente a Okinawa, o que me inspirou a ter essa vontade de conhecer o lugar", contou o sensei.
O sensei se casou com a brasileira Rosimeire em 2010 e passou a morar no Brasil. Primeiro os dois moraram em São Mateus, no Norte do Espírito Santo, onde ele construiu um primeiro dojo para ensinar karatê.
Sensei José Mário também criou escola de karatê em São Mateus, no Espírito Santo
Acervo pessoal
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Mas foi em 2020 que a vida do casal mudou. Os dois foram aprovados em uma bolsa oferecida pelo governo japonês para aprender e praticar karatê em Okinawa.
"Nós éramos faixa preta e já praticávamos karatê. Então, surgiu essa oportunidade quando uma bolsa foi aberta para estudar o karatê nas origens, um curso para incentivar e levar pessoas para aprofundar os conhecimentos no karatê e na cultura de Okinawa. Apenas cinco pessoas foram escolhidas para participar e a bolsa foi toda suportada pelo governo japonês", explicou José Mário.
O casal passou dois meses na cidade japonesa, totalmente imersos nos ensinamentos e na cultura local.
"Foi um momento muito especial nas nossas vidas. Eu já tinha ido para Okinawa em 2008 para estudar e treinar karatê, mas dessa vez foi diferente. Treinamos com todos os mestres mais graduados, visitamos museus, participamos das festas culturais da comunidade e estuamos toda a parte migratória dos japoneses para o Brasil. Foi uma das coisas mais fantásticas que aconteceu em nossas vidas", comentou o sensei.
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Com a volta para o Brasil, José e a esposa sentiram que precisavam retribuir de alguma forma tudo que aprenderam no Japão a maneira que eles encontraram foi a de construir um dojo em sua forma original e continuar repassando o que aprenderam no oriente.
"Foi uma imersão muito forte durante os dois meses. Enquanto estávamos lá, vimos uma casa japonesa em um museu. E quando voltamos queríamos fazer algo para retribuir a amabilidade dos japoneses e da população de Okinawa", relatou.
Dojo de madeira
Dojo construído para ensinar karatê chama a atenção de quem passa em Vitória, Espírito Santo
Acervo pessoal
A partir disso, o casal começou a construção do dojo de madeira que demorou cerca de quatro meses para ficar pronto.
"Eu já sabia fazer alguns trabalhos com madeira, então foquei na construção. Fizemos um espaço amplo para o treino do karatê, baseado em uma casa tradicional japonesa, mas sem as divisões da casa como cozinha, banheiro. E assim nasce o 'Kominka dojo'. Kominka significa casa antiga japonesa", apontou o sensei.
Com o dojo pronto, a construção começou a atrair alguns curiosos.
"Estamos quase sempre de portas abertas, então durante o dia as pessoas entram, perguntam, querem tirar foto, virou quase um point", relatou.
Do "chute da garça" até a meditação
Após o término do dojo os "senseis" começaram a buscar alunos. A partir de março, abriram turmas infantis e adultas e dão aulas pagas para dezesseis pessoas, incluindo a própria filha.
"A gente ensina o karatê nas origens, não o karatê esportivo, que já é bastante disseminado no Brasil. Nossa relação é mais de mestre para discípulo, e não para atletas. Nós formamos artistas marciais", acrescentou.
Espaço feito por sensei português e sua esposa demorou quatro meses para ficar pronto em Vitória, Espírito Santo
Acervo pessoal
Além das aulas, o dojo é aberto para a comunidade diariamente para a prática gratuita de meditação, a partir das 6h. E a ideia do sensei e também poder utilizar o espaço como um ambiente disponível para exposições.
"Já vieram algumas pessoas para meditar com a gente, já temos turmas consolidadas de alunos. Seguimos com a prática em São Mateus, com 50 alunos e nós temos confiança de que cada vez mais vamos conseguir atrair mais pessoas. Também queremos trabalhar na terceira vertente, que é abrir as portas do dojo pelo mens dois domingos por mês com galerias de exposição sobre a cultura de Okinawa", disse.
Para os fãs de "Cobra Kai" e "Karatê Kid", o dojo tem até mesmo uma foto do sensei que aparece nos filmes, o Chojun Miyagi, que foi o criador do estilo Goju-ryu. Além disso, é possível aprender o famoso chute da garça.
"É bem simples perceber como fazer, o difícil é praticar até a perfeição", pontuou.
Crianças e adultos aprendem karatê com sensei em dojo de madeira construído em Vitória, Espírito Santo e baseado em uma antiga casa japonesa
Acervo pessoal
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